Nos dias atuais, as diversas agressões quotidianas, podem comprometer a integridade da nossa grande barreira defensiva, o intestino. Assim, o stress, a dieta desequilibrada, o sedentarismo, bem como algumas doenças e seus tratamentos, podem desequilibrar aquela que agora se denomina de microbiota intestinal, condicionando não só a saúde gastrointestinal como o bem estar geral.
Os prebióticos e probióticos exercem um papel fundamental na manutenção do equilíbrio e/ou no restabelecimento do mesmo quando a falha ocorre.
O que são prebióticos?
Os prebióticos são nutrientes não digeridos, essencialmente fibras, tais como a inulina, a oligofrutose, os frutoligossacários e a polidextrose, naturalmente presentes nos alimentos. Como não são digeridos, nem absorvidos no intestino delgado, através da fermentação pelas bactérias benéficas do cólon (intestino grosso), vão constituir o seu substrato alimentar, e assim estimular o seu crescimento e/ou atividade da microbiota.
Devem ser consumidos e para quê?
Devem fazer parte da alimentação diária, por terem efeitos benéficos locais (no cólon e também no intestino delgado) e sistémicos (no organismo de forma geral). Melhoram os sinais de obstipação, diminuem o risco de doenças do cólon, tais como divertículos e cancro, contribuem para a imunidade do organismo, para a absorção de cálcio e para a regulação da produção e absorção de triglicerideos.
Onde se encontram?
São encontrados em cereais, tais como centeio, cevada, trigo e em legumes e frutas, entre os quais alcachofra, alho, alho-francês, banana, cebola, chicória, espargo, tomate. Também podem ser encontrados isoladamente sob a forma de suplementos alimentares.
Precauções na sua utilização
Antes de serem fermentados, mobilizam água para o intestino, podendo causar diarreia, tal como podem ser causadores de flatulência e distensão abdominal pela produção de gás na zona do intestino onde exercem o seu efeito prebiótico. Assim aconselha-se que sejam integrados na alimentação de forma gradual, podendo não ser bem tolerados por pessoas com síndrome de intestino irritável.
O que são probióticos?
São microrganismos vivos, que em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (FAO, ONU; WHO, 2001; Sanders, 2003). O seu nome provém do latim Pro (Para) e do grego Bio (Vida). Os probióticos mais utilizados são as bactérias dos géneros lactobacillus e as bifidobacterium.
Onde se encontram?
Os probióticos ocorrem em vários tipos de alimentos fermentados, tendo a capacidade de manter a sua atividade entre a produção e o consumo. Os leites fermentados, tais como o iogurte e outras bebidas lácteas acidificadas e o kefir são por excelência fonte de probióticos, mas também os queijos de pasta dura (maior grau de fermentação) e preparações culinárias onde a fermentação natural é utilizada, são boas fontes. Pickles fermentados em água e sal marinho, chucrute fermentada não pasteurizada, soja fermentada, tal como se encontra na sopa de miso e no tempeh.
Devem ser consumidos para quê?
A sua presença contribui para a modulação da microbiota intestinal, através do desenvolvimento das bactérias benéficas, que atuam impedindo a proliferação das bactérias patogénicas (prejudiciais). Este processo promove a natural barreira defensiva intestinal. Assim:
- Contribuem para o reequilíbrio intestinal após a toma de alguns medicamentos, tais como antibióticos;
- Contribuem para o controlo da diarreia causada por vírus e bactérias;
- Contribuem para a diminuição da atividade da Helicobacter pilori (bactéria responsável por doenças gástricas, tais como gastrite, úlceras e cancro);
- Diminuem a ação das bactérias prejudiciais através da produção de substâncias protetoras, de que são exemplo as infeções urogenitais femininas;
- Melhoram a digestão da lactose e promovem a absorção nutricional;
- Aumentam a imunidade, podendo estar associados a diminuição de reações alérgicas;
- Previnem/controlam a obstipação.
Precauções na sua utilização
Os probióticos, naturalmente presentes nos alimentos devem fazer parte da alimentação equilibrada de crianças e adultos, no entanto aquando do aumento da sua ingestão ou suplementação, podem temporariamente provocar sinais de desconforto abdominal associado à produção de gás, distensão abdominal e flatulência. Em algumas situações, antes de se identificarem os seus benefícios, podem ser identificados os seu efeitos secundários.
Estes efeitos secundários têm maior expressão quanto menor for a imunidade do organismo hospedeiro. Assim crianças pequenas e idosos, bem como doentes oncológicos sob tratamentos agressivos, HIV positivo e doentes terminais, só deverão utilizar probióticos sob a forma de suplementos, quando recomendados ou prescritos.
Um vez que estes alimentos contém microoganismos vivos na sua composição, para que sejam consumidos com segurança, deve ter-se especial atenção, desde a aquisição, à confeção, verificando os sinais de frescura e/ou integridade da embalagem e prazo de validade.
A utilização simultânea dos pre e probióticos, permite o seu efeito sinérgico que reúne os benefícios de cada um (prebióticos – os promotores da atividade das bactérias benéficas e probióticos – as bactérias benéficas), surgindo assim os alimentos simbióticos.
Interessante é sermos nós próprios a conceber as nossas refeições simbióticas.
Pequeno-almoço ou lanche | Almoço ou jantar |
Iogurte natural com muesli e mel Fruta Ou outras sugestões como: crumble de aveia e frutos secos com iogurte; papas de aveia com amendoim ou barras de cereais e sementes. |
Entrada: Salada de tomate com queijo feta Prato: Massada de peixe (alho, cebola e tomate) Sobremesa: Puré de banana com iogurte e canela |
Café Pão de trigo integral com queijo da ilha Fruta |
Entrada: Caldo-verde (alho e cebola) Prato: Escalopes de peru gratinados com arroz integral e legumes assados (alho-francês, cebola, espargos) Sobremesa: Biscoitos de aveia e mel |
Smothie de kefir com aveia e banana |
Mónica Santos, Nutricionista
Membro da Ordem dos Nutricionistas nº 0528N