O papel dos alimentos processados numa dieta equilibrada

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A junção de palavras “alimento processado” é atualmente muito utilizada com uma conotação negativa. Existe a ideia de que o facto de um alimento ser processado é automaticamente uma condição para ser considerado um alimento “não saudável”. Será esta alegação indestrutível?

O processamento de alimentos corresponde a qualquer processo ou método utilizado para transformar alimentos frescos em produtos alimentares, podendo envolver apenas um ou vários processos. Estes podem ser tão “simples” quanto a lavagem ou o corte; ou mais elaborados, como a pasteurização, congelação, fermentação, embalamento ou a incorporação de aditivos alimentares, que poderá servir para aumentar o prazo de validade, melhorar o perfil nutricional adicionando vitaminas e minerais (fortificação), melhorar ou preservar o sabor, aparência e textura, entre outras funções.

O processamento dos alimentos pode assegurar:

  • Segurança alimentar através da prevenção, redução ou remoção de agentes patogénicos;
  • Melhorias do valor nutricional, como se vê pelo exemplo da polpa de tomate, em que o processamento do tomate para originar a polpa resulta numa maior biodisponibilidade do seu licopeno (carotenóide)
  • Melhoria da textura através da adição de emulsionantes.

Verifica-se assim que os alimentos processados não são necessariamente alimentos pouco saudáveis. Mas sê-lo-ão sempre que representem uma fonte excessiva de açúcares e/ou gordura, especialmente as gorduras saturadas e trans (más gorduras), bem como de sal.

No entanto, salienta-se que os produtos minimamente processados, como congelados (ex.: hortícolas congelados que não têm adição de qualquer aditivo alimentar) ou enlatados, são muitas vezes importantes fontes nutricionais que permitem contornar a pouca conveniência e até o preço pouco acessível – factores que estão identificados como barreira ao consumo destes alimentos. Veja-se o exemplo das leguminosas em conserva, que são conservadas através da pasteurização (aplicação de temperaturas elevadas aos alimentos a partir dos 65ºC). Ou seja, ao contrário do que normalmente se pensa, as conservas não têm necessariamente produtos químicos conservantes e mantêm grande parte das suas características nutricionais.

Em jeito de conclusão, é possível verificar que muitos dos alimentos que consumimos atualmente têm algum grau de processamento. Através de boas escolhas, estes podem integrar uma dieta saudável e equilibrada que faça face aos dias agitados que experimentamos neste estilo de vida a que podemos chamar moderno.

Vera Fernandes, Nutricionista Auchan
Membro da Ordem dos Nutricionistas nº 1581N