O jornal “The Economist” publicou um relatório na sua revista “The World in 2019”. Neste, o jornalista John Parker prevê um crescimento, jamais visto nos anos anteriores, na adesão ao padrão alimentar do veganismo que rejeita o consumo de produtos de origem animal1.
Em 2019, é claro o impacto do setor alimentar nas alterações climáticas.
A parcela relativa à produção de gado representa mais de metade das emissões de CO2 do setor2. Sabe-se ainda que os portugueses consomem mais alimentos de origem animal, do que origem vegetal. E 34% da população tem um consumo de carne superior a 100g/dia3.
Por outro lado, a Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC) classificou as carnes processadas como carcinogénico do grupo 1.
O consumo diário de 50 g foi associado a 18% de aumento de risco de cancro do colon. Adicionalmente, o consumo diário de 100 g está associado a um aumento de risco de 17%3.
Ainda numa perspetiva de saúde, o consumo de produtos de origem vegetal apresenta fundamentação sólida na prevenção e proteção contra as doenças4:
- cardiovasculares
- oncológicas
- obesidade
- diabetes
A evidência refere que, não só o consumo regular de produtos de origem vegetal, como também uma alimentação exclusivamente de origem vegetal, poderá ser até mais protetora da saúde humana5.
Não é demais referir que uma alimentação vegetariana estrita, quando bem planeada, pode preencher todas as necessidades nutricionais humanas.
Isto acontece em qualquer fase do ciclo de vida, nomeadamente6:
- gravidez
- lactação
- infância
- adolescência
- idosos
- atletas
Deste modo, os dados atuais apontam para o incentivo à adoção de uma alimentação mais sustentável e concomitantemente saudável.
Este padrão alimentar favorece o consumo de:
- frutas
- hortícolas
- leguminosas
- cereais
- grãos integrais
- frutos oleaginosos
- sementes
Recomenda-se que compre produtos locais e da época. Adicionalmente, tente usar menos plástico e o mínimo de embalagens possível. Desta forma, estará a promover a agricultura local, a sua saúde e a do seu planeta!
Referências bibliográficas:
- Parker, J. The year of the vegan. The Economist (2018). Accessed: 21st January 2019
- Springmann, M., Godfray, H. C. J., Rayner, M. & Scarborough, P. Analysis and valuation of the health and climate change cobenefits of dietary change. Proc. Natl. Acad. Sci. 113, (2016).
- Lopes, C. et al. Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física. (2017).
- Cristina, S., Silva, G. & Santos, C. T. Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável. (2015).
- Melina, V., Craig, W., Springs, B. & Levin, S. Dietetics : Vegetarian Diets. J. Acad. Nutr. Diet. 16, 1970–1980 (2016).
- Melina, V., Craig, W. & Levin, S. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Vegetarian Diets. J. Acad. Nutr. Diet. 116, (2016)
Rafaela Honório, Nutricionista parceira da Associação Vegetariana Portuguesa (AVP)
Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº 3872N