O final do dia é, por vezes, uma bóia de salvação. Só conseguimos pensar nele desde a altura em que o despertador toca. É o momento em que se descontrai, sozinho ou com a família, e em que se prepara o merecido descanso.
Claro que a maior parte das pessoas tem obrigações ao chegar a casa, sobretudo quem cuida de crianças ou outros familiares. Há casas que no final do dia têm a agitação de um acesso à cidade em hora de ponta. Mas depois desse caos de levar e trazer das atividades, banhos, jantares e horas de dormir dos mais pequenos, sempre sobra um par de minutos para a rotina pessoal de final do dia. Ou assim ambicionamos.
É essa que aqui abordamos, para que o dia seja “fechado” em paz, para que o dia seguinte tenha um começo suave e sem percalços, e já agora para que faça alguma coisa por si.
O raciocínio é sempre dirigido para facilitar a vida ao nosso eu futuro, que vai agradecer ter menos obstáculos na sua rotina matinal. Neste caso, também se procura beneficiar o sono, o descanso e a sanidade mental. Há que descomprimir do dia, para que os vários assuntos não voltem em sonhos para nos azucrinar.
- Pode começar justamente por aí, escrevendo num papel os assuntos que ficaram pendentes ou que precisa “descarregar” para outro formato que não o da sua memória, que nesta fase do campeonato já não estará no seu esplendor. Mesmo que não resolva nada, só o facto de os escrever já ajuda o cérebro a arrumar o assunto e a fechar o departamento até amanhã. Não é sempre infalível, mas resulta bem muitas vezes.
- Depois, chega a vez da casa. Em 15 minutos no máximo, passe por cada divisão e faça aquelas pequenas tarefas que são rápidas e fazem toda a diferença, tais como recolher roupa suja, arrumar a loiça e a cozinha, deixar as caixas com o almoço semi-prontas e deixar a entrada em modo “sai porta fora”. Este último implica deixar à porta tudo o que precisam de levar no dia seguinte, desde lancheiras, mochilas, computador, sacos de desporto, a todas as outras opções possíveis e imaginárias. O importante é não andar em modo barata tonta de manhã, com um olho meio aberto, à procura daquela coisa que tem mesmo que levar nesse dia. E por falar disto, defina um lugar fixo onde os essenciais – carteira, telemóveis, chaves, chaves do carro – devem ficar quando a família vai dormir. Não há nada mais ingrato que andar vinte minutos à procura de uma chave no meio do caos matinal.
Escusado será dizer que a parte da rotina da casa deve ser partilhada por todos os membros da família. Os serviços mínimos são obrigatórios e não negociáveis, pois o tempo de todos é valioso.
- Da mesma forma, procure preparar a roupa pelo menos de um dia para o outro. Há quem chegue a níveis de obsessão – mas, há que reconhecê-lo, de eficiência também – em que escolhe as roupas para todos os dias da semana no fim de semana anterior, e inclusive guarda cada outfit num cabide separado. Parece muita organização, mas para quem trabalha de farda, fato, ou se veste num formato de “uniforme” – por exemplo, calças, mocassins, camisola e blazer – a solução pode ser bastante interessante. No máximo, deixa a escolha final para de manhã, mas já sem ter que pensar em minudências.
É muito mais difícil tomar decisões de manhã, ainda com sono. A palavra de ordem é eliminar decisões e escolhas para facilitar a vida.
- De seguida, entre na fase SPA. Dedique-se a uma rotina de higiene/beleza de final de dia que seja simples, mas com pormenores que façam a sua pele sentir-se mimada. Deixe tudo o que precisa preparado para a manhã seguinte, com o mínimo de margem de escolha possível.
No final de tudo isto, tire um momento para si e para fazer algo que lhe dá prazer. Um bom chocolate, uma boa leitura, meditação ou escrita de um diário, tudo isto são opções que facilitam o descanso, voltam a estabelecer uma ligação mental e física consigo próprio e dão as boas-vindas a uma noite de sono descansada. - Evite ecrãs – os podcasts ou audiolivros são boas alternativas para quem prefere não ler, ou ouvir algo já meio a dormir e de luz apagada – e de preferência deixe o telemóvel longe da cama, para evitar a maldição do snooze de manhã. Se for preciso, deixe um temporizador, para que o aparelho se desligue ao terminar o podcast ou o capítulo.
O importante é ser criativo e pensar em si por uns momentos. Experimente e encontre o seu ritual nutridor de final de dia. Tudo o mais vai correr melhor nas pequenas rotinas que fazem a vida fluir, com menos caos e melhor humor.

Teresa Fernandes, Fisioterapeuta
Instrutora de Yoga Suspenso, Gyrotonic e Gyrokinesis (aplicação na perda de mobilidade, prevenção de problemas músculo-esqueléticos, pré e pós-parto)