Causas, prevenção e tratamento da osteoporose

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Os ossos apresentam um processo fundamental designado de remodelação óssea, que consiste em duas etapas:

  1. reabsorção, na qual os osteoclastos (nome que se dá às células dos ossos) formam pequenas cavidades no osso e eliminam áreas envelhecidas
  2. formação, na qual os osteoblastos preenchem essas cavidades com um tecido ósseo novo, constituído maioritariamente por cálcio

O cálcio é o mineral predominante da estrutura óssea, correspondente a cerca de 2% do peso corporal humano. A sua absorção é potenciada na presença da vitamina D, ambos provenientes de uma alimentação saudável.

Durante a fase de crescimento, verifica-se mais formação óssea do que reabsorção, de forma a construir ossos saudáveis. Este processo mantém-se até aos 30 anos de idade, momento em que se alcança o pico de densidade óssea, mantendo-se por cerca de dez anos. Posteriormente, o processo inverte-se. Aumenta a reabsorção e reduz a formação, o que origina uma perda lenta e progressiva da densidade óssea, que pode ser potenciada por inúmeros fatores, inclusive o estilo de vida.

Esta patologia designa-se Osteoporose

Tal como o nome indica, é caracterizada pela existência de ossos com uma aparência “porosa”, devido à redução da densidade mineral óssea e alteração da composição estrutural dos ossos. Que os torna mais frágeis e mais propícios a fraturas, aquando da existência de quedas.

Existem 2 tipos de Osteoporose:

  • Osteoporose primária: é a mais frequente, por estar associada ao envelhecimento. Verifica-se mais frequentemente nas mulheres pós-menopáusicas, devido à redução de produção de estrogénios, fundamentais na promoção da fixação do cálcio nos ossos e na prevenção da degradação óssea
  • Osteoporose secundária: ocorre quando existe uma terapia farmacológica intensa (progesterona, corticosteróides, hormonas tiroideias) ou uma patologia que interfere com os ciclos hormonais influentes na reabsorção óssea (doença renal crónica, diabetes mellitus, hipertireoidismo e hiperparatireoidismo)1,2

Fatores de risco de Osteoporose

Em Portugal, estima-se que afete entre 700 a 800 mil portugueses, principalmente Mulheres, com idade superiore a 65 anos e pós-menopáusicas. Estas apresentam maior número de fatores de risco, acumulados ao longo da vida, nomeadamente:

Fatores não modificáveis:

  • Género feminino
  • Idosos (idade superior a 65 anos)
  • História familiar de fraturas ósseas ou de diagnóstico de osteoporose
  • Etnia caucasiana ou asiática, tendem a apresentar menor densidade mineral óssea em comparação com outras etnias

Fatores modificáveis:

  • Alimentação pobre em cálcio e vitamina D
  • Hábitos tabágicos e consumo excessivo de álcool apresentam efeitos nefastos para os osteoblastos, que constroem a massa óssea. É a dupla infalível para aumentar o risco de osteoporose
  • Estilo de vida sedentário ou imobilização prolongada promove a redução da força muscular, do equilíbrio e da massa muscular, além de afetar a estrutura óssea. Dessa forma, promove o aumento do risco de quedas e de potenciais fraturas
  • Consumo de fármacos, como cortisona, e algumas patologias tiroideias afetam o processo de remodelação óssea e, consequentemente, aumentam a reabsorção
  • Magreza excessiva, na qual se nota uma redução significativa de gordura corporal e, por vezes, massa muscular, induz menor proteção para os ossos, aquando a existência de quedas
  • Menopausa precoce e amenorreia (visível em atletas elite ou casos de anorexia nervosa, com uma redução elevada de gordura corporal). Caracterizam-se pela redução de produção de estrogénios, hormona que afeta diretamente a produção e manutenção da massa óssea

Diagnóstico

A osteoporose, por si só, é assintomática, apenas surgindo sintomas após a ocorrência de uma fratura óssea que, com o prolongamento da doença, podem ser bastante frequentes, mesmo em atividades diárias. Ocorrem principalmente nas vértebras, que se manifestam pela curvatura da coluna, redução de altura (> 3 cm), ombros descaídos e dor ou desconforto.

A partir desta sintomatologia secundária é feito o diagnóstico. No entanto, a densitometria óssea bifotónica (DEXA) é o exame indolor mais adequado, pois avalia a densidade óssea.

Após a confirmação da patologia deve ser complementada com uma avaliação laboratorial (cálcio, vitamina D e hormonas) e radiografias da coluna para analisar o nível de deformação óssea ou fratura2,3.

Prevenção

A prevenção tem como objetivo atrasar a perda e manter a densidade óssea, sendo que deve ser realizada com base no controlo dos fatores de risco modificáveis, sobretudo aqueles que se relacionam com o estilo de vida. Nesse sentido, deve ter em conta:

  • Uma alimentação rica em cálcio, constituída por:
    • laticínios (leite, natas, queijo, iogurte)
    • leguminosas
    • vegetais verde escuros (agrião, nabiça, couve, rúcula, espinafres …)
    • ovo
    • petinga e jaquinzinhos, principalmente se os ingerir na totalidade
      Para potenciar a sua absorção, deve assegurar uma alimentação fonte de vitamina D, ingerindo peixes variados (safio, sardinha, truta, goraz, solha, salmão, linguado) e gema de ovo. Além disso, estar pelo menos 30 minutos ao sol diariamente, de forma a estimular a produção desta vitamina4)
  • Evite um estilo de vida com hábitos nocivos para a saúde. Elimine o tabaco da sua vida e beba bebidas alcoólicas com moderação
  • Pratique regularmente atividade física. Dessa forma, aumenta a massa muscular, que contribui para a prevenção de quedas e traumatismos. A American Academy of Sports Medicine recomenda:
    • realizar atividade com pesos (usando pesos livres, aparelhos ou fitas de borracha) para fortalecer os músculos
    • treinar o equilíbrio 3 a 5 vezes por semana
    • fazer exercícios de resistência (caminhada e aeróbica de baixo impacto) 2 a 3 vezes por semana, com duração entre 30 a 60 minutos por semana
      O exercício deve ser sempre adaptado à sua condição física
  • Mantenha um peso saudável e uma massa muscular adequada. Assim, conseguirá maior proteção óssea em caso de queda e consequentemente menor risco de fraturas
  • Em situações de farmacoterapia intensa ou patologia hormonal, poderá ser necessária a suplementação de vitamina D e Cálcio. Informe-se junto do seu médico e nutricionista2,3.

Tratamento

Não há cura para a osteoporose, mas o tratamento adequado consegue proteger e fortalecer os ossos e retardar a ocorrência de fraturas ósseas. Baseia-se na prática controlada de exercício físico, uso de medicamentos que aumentam a massa óssea, analgésicos e suplementos de cálcio e vitamina D2.

Referências bibliográficas:
  1. Hadjidakis DJ, Androulakis II. Bone remodeling. Ann N Y Acad Sci. 2006 Dec;1092:385-96
  2. Krause : alimentos, nutrição e dietoterapia / L. Kathleen Mahan, Sylvia Escott-Stump, Janice L. Raymond; [tradução Claudia Coana… et al.]. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2012
  3. Associação Nacional da Luta Contra a Osteoporose. A Osteoporose
  4. Tabela de Composição dos Alimentos – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
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Daniela Cação
Nutricionista Auchan
Membro da Ordem dos Nutricionistas Nº 4295N