A prevalência de excesso de peso e obesidade, em crianças e adolescentes, tem vindo a aumentar drasticamente a nível mundial, sendo atualmente um dos maiores desafios de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde considera a obesidade como o novo síndrome mundial, caracterizando-a como a pandemia do século XXI1.
A verdade é que esta tendência, entre outras causas, tem vindo a agravar-se principalmente devido aos maus hábitos alimentares (nomeadamente aumento da ingestão de alimentos ricos em calorias, gordura e açúcares) e à redução da atividade física (preferência pelo sedentarismo), prevendo-se futuramente o aumento de várias doenças crónicas2,3,4.
De acordo com os dados da COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative) Portugal, que tem monitorizado o estado nutricional infantil das crianças em idade escolar (dos 6 aos 8 anos) desde 2008, verificou-se que em 2018/2019, 15,3% das crianças com 8 anos tinham obesidade, incluindo 5,4% de obesidade severa, e 10,8% das crianças com 6 anos apresentavam obesidade, incluindo 2,7% de obesidade severa5.
Estes dados alertam-nos para as consequências que possam ter na saúde das crianças6,7:
- Elevada pressão arterial e dos níveis de colesterol, que são fatores de risco para as doenças cardiovasculares
- Aumento do risco de intolerância à glicose, resistência à insulina e diabetes tipo 2
- Problemas respiratórios, como asma e apneia do sono
- Problemas articulares e desconforto musculoesquelético
- Doença hepática, cálculos biliares e refluxo gastroesofágico
- Problema psicológicos como ansiedade, depressão e baixa autoestima
- Problemas sociais como intimidação, discriminação e estereótipos negativos
- Mau desempenho escolar
Consequências futuras
Existe uma forte ligação entre a obesidade na infância e adolescência e a sua persistência na idade adulta. Estudos demonstram que cerca de 1/3 dos adultos obesos já o eram em crianças8. Nos adultos, esta condição está associada ao aumento do risco de vários problemas graves de saúde, incluíndo os anteriormente referidos, e são provavelmente ainda mais críticos, com implicações na morbilidade e mortalidade durante a vida adulta6.
Todas estas consequências terão, a longo prazo, um impacto negativo na esperança de vida e significará para muitos uma qualidade de vida inferior3.
O crescente problema da obesidade infantil pode ser desacelerado através de, por exemplo, uma dieta nutricionalmente equilibrada, juntamente com a prática de atividade física regular6.
Ajude o seu filho a ter um estilo de vida saudável, prevenindo agora para não ter que lidar com as consequências no futuro. Fique atento às nossas próximas publicações, traremos sugestões de como fazer isto.
Referências bibliográficas:
- World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. 2015
- World Health Organization. Noncommunicable diseases: Childhood overweight and obesity [Internet]. [cited 2021 Jan 13]
- Comissão das Comunidades Europeias. Livro branco sobre uma estratégia para a Europa em matéria de problemas de saúde ligados à nutrição, ao excesso de peso e à obesidade. 2007;12
- Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. Alimentação saudável- Desafios e Estratégias [Internet]. Direção Geral da Saúde. 2018. 1–24 p
- Instituto Ricardo Jorge. Chilhood Obesity Surveillance Initiave Portugal. 2019
- Bhadoria A, Sahoo K, Sahoo B, Choudhury A, Sufi N, Kumar R. Childhood obesity: Causes and consequences. J Fam Med Prim Care [Internet]. 2015 [cited 2021 Jan 13];4(2):187. Available from: /pmc/articles/PMC4408699/?report=abstract
- Centers for Disease Control and Prevention. Childhood Obesity Causes & Consequences | Overweight & Obesity [Internet]. [cited 2021 Jan 13]
- Fight childhood obesity to help prevent diabetes, say WHO & IDF. Cent Eur J Public Health [Internet]. 2005 Mar [cited 2021 Jan 13];13(1):39
Catarina Li
Nutricionista Estagiária Auchan
Membro da Ordem dos Nutricionistas nº3257NE