Dietas da moda para emagrecer

Dietas da Moda para emagrecer

O excesso de peso e obesidade são um dos maiores problemas de saúde pública, constituindo um fator de risco para várias doenças crónicas da atualidade1. Neste sentido, aumentou a procura por soluções rápidas e eficazes para perder peso. Por este motivo, vivemos numa época em que todos os dias surgem novas dietas com soluções por vezes “milagrosas”, muitas vezes camuflando hábitos alimentares pouco equilibrados e grandes restrições de certos grupos alimentares. Apesar de algumas conduzirem a resultados quase imediatos, é importante perceber o impacto que podem ter na nossa saúde a curto e a longo prazo.

Em seguida, falamos sobre algumas destas dietas.

Dieta Detox

A dieta detox, ou de desintoxicação, acontece durante um período de tempo curto, e consiste em substituir todas as refeições por sumos de fruta e vegetais, com o intuito de promover a saúde e auxiliar na perda de peso2. Esta perda de peso deve-se à ingestão de menos calorias, à diminuição da ingestão de alimentos processados e à perda de água e fezes, que regressam à normalidade assim que se retoma a alimentação habitual2,3. Atualmente, a evidência científica relativamente à eficácia desta dieta é escassa e com diversas limitações, pondo em causa se realmente eliminam qualquer tipo de “toxina”2.

Dieta Paleo

A dieta do paleolítico, ou apenas dieta paleo, retrata os hábitos alimentares existentes há mais de dez mil anos3. Os alimentos permitidos incluem vegetais, fruta, carne, peixe, ovos, frutos oleaginosos e sementes e os alimentos não permitidos são os cereais, grãos, lacticínios e produtos industrializados e processados3. Os benefícios incluem perda de peso, melhoria do perfil lipídico, aumento do consumo de fibra, vitaminas e minerais. Uma das desvantagens é a diminuição da ingestão de cálcio, aumentando a probabilidade de desenvolver osteoporose3. Para além disto, o modo de produção da carne, peixe e ovos já sofreu muitas alterações, pelo que não estamos a consumir os alimentos exatamente da mesma forma como existiam há dez mil anos atrás.

Dieta Cetogénica

A dieta cetogénica consiste numa diminuição do consumo de hidratos de carbono, aumentando o consumo de lípidos e proteína4. Os alimentos permitidos incluem cereais integrais, carne, peixe gordo, ovos, manteiga, queijo, óleos, frutos oleaginosos e sementes. Os cereais, fruta, alimentos com açúcar/mel, leguminosas, tubérculos e álcool são os alimentos excluídos. Esta dieta provoca uma perda de peso acentuada visto que a gordura armazenada no nosso corpo é utilizada como fonte de energia e devido à diminuição do tamanho das refeições. A ingestão de alimentos ricos em gordura pode causar sintomas como naúseas, vómitos, obstipação e diminuição do apetite5.

Jejum intermitente

Existem diversos métodos desta dieta mas o mais conhecido consiste em períodos de jejum que variam entre 16 e 20 horas, com períodos de ingestão alimentar entre 8 e 4 horas6,7. Os efeitos benéficos incluem a perda de peso, devido à diminuição da ingestão alimentar diária, diminuição da pressão arterial e do desenvolvimento de aterosclerose. Apesar da popularidade crescente, ainda existem poucos estudos em humanos, pelo que esta prática não é aconselhada a pessoas com problemas hormonais, grávidas, mulheres a amamentar, diabéticos, pessoas com distúrbios alimentares e com baixo peso3,6.

Conclusão

Por mais que estas dietas possam ser tentadoras para uma perda de peso rápida, não representam métodos eficazes para uma perda de peso e manutenção a longo prazo, podendo ter, inclusive, diversos efeitos secundários associados(3). Na aplicação de qualquer dieta, é de fulcral importância a consulta e acompanhamento por um nutricionista, que poderá orientá-lo nas diferentes fases da mesma e prevenir eventuais défices. Por outro lado, é importante a adoção mudanças que sejam sustentáveis a longo prazo, que envolvam melhores escolhas alimentares, através de uma reeducação alimentar, de modo a adotar e manter um estilo de vida saudável e equilibrado, fazer exercício físico regularmente e não fumar. 

Referências bibliográficas:
  1. Nutrition, Physical Activity, and Obesity [Internet]. Healthy People 2020. Disponível em: https://www.healthypeople.gov/2020/leading-health-indicators/2020-lhi-topics/Nutrition-Physical-Activity-and-Obesity
  2. Klein, A. V., & Kiat, H. (2015). Detox diets for toxin elimination and weight management: A critical review of the evidence. Journal of Human Nutrition and Dietetics, 28(6), 675–686
  3. Obert, J., Pearlman, M., Obert, L., & Chapin, S. (2017). Popular Weight Loss Strategies: a Review of Four Weight Loss Techniques. Current Gastroenterology Reports, 19(12), 17–20
  4. Barry, D., Ellul, S., Watters, L., Lee, D., Haluska, R., & White, R. (2018). The ketogenic diet in disease and development. International Journal of Developmental Neuroscience, 68(2010), 53–58
  5. Włodarek, D. (2019). Role of Ketogenic Diets in Neurodegenerative Diseases (Alzheimer’s Disease and Parkinson’s Disease). Nutrients, 11(1), 169
  6. Malinowski, B., Zalewska, K., Węsierska, A., Sokołowska, M. M., Socha, M., Liczner, G., Wiciński, M. (2019). Intermittent Fasting in Cardiovascular Disorders—An Overview. Nutrients, 11(3), 673
  7. Stockman, M. C., Thomas, D., Burke, J., & Apovian, C. M. (2018). Intermittent Fasting: Is the Wait Worth the Weight? Current Obesity Reports, 7(2), 172–185.

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