O título de hoje é sugestivo para abordar a alimentação, em várias dimensões contíguas. Ora sigam-me!
Em “O custo de uma alimentação de base vegetal” podem ser abordadas três principais temáticas. São elas:
- o valor monetário dos alimentos
- o impacto económico (custo) que a alimentação tem no Sistema Nacional de Saúde (SNS)
- as consequências (custo) da alimentação no equilíbrio dos ecossistemas
Começando pelo fim.
É conhecido o impacto que, o setor da alimentação, tem nas alterações climáticas e as repercussões que estas apresentam nos ecossistemas (principalmente, extinção de fauna e flora)1. E este é o primeiro “custo” da alimentação abordado1.
Passando para a saúde.
A má alimentação é a principal responsável por termos anos de vida com doença. Em Portugal, os dados mostram que:
- 57% da população apresenta excesso de peso
- 3 em cada 10 portugueses tem hipertensão arterial
- cerca de 1 milhão de portugueses é diabético
Tal traduz-se em menor produtividade económica, maior despesa para o SNS e, o mais importante, menor qualidade de vida2.
No diz respeito à alimentação de base vegetal como promotor de saúde
Vários estudos replicam melhorias nas taxas de prevalência de doenças cardíacas, pressão arterial, diabetes e obesidade3–7. Evidencia-se que uma alimentação de base vegetal, bem planeada, é eficaz no controlo do peso e da glicemia, a reverter a aterosclerose e a diminuir as concentrações de lípidos sanguíneos. Podendo, por isso, ser utilizada como via de prevenção e tratamento de doenças cardiometabólicas referidas acima3.
Não esquecendo a premissa de que os portugueses consomem mais alimentos de origem animal, do que origem vegetal. E que 34% da população tem um consumo de carne superior a 100g/dia8. Em contrapartida, as leguminosas, as hortícolas, as frutas locais e sazonais, e ainda os cereais, apresentam-se como alimentos mais económicos. E apresentam ainda um consumo abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde8.
Em suma, uma alimentação de base vegetal apresenta-se imensuravelmente económica. Tanto para o seu planeta, como para o seu país, para a sua saúde e, ainda, na sua carteira.
Referências bibliográficas:
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Springmann, M., Godfray, H. C. J., Rayner, M. & Scarborough, P. Analysis and valuation of the health and climate change cobenefits of dietary change. Proc. Natl. Acad. Sci. 113, (2016).
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Ministério da Saúde. Retrato da Saúde 2018. (2018).
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Tuso, P. J., Ismail, M. H., Ha, B. P. & Bartolotto, C. Nutritional Update for Physicians : Plant-Based Diets. 17, 61–66 (2013)
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Kahleova, H. Cardio-Metabolic Benefits of Plant-Based Diets. 1–13 (2017). doi:10.3390/nu9080848
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Vandevijvere, S., Young, N., Mackay, S., Swinburn, B. & Gahegan, M. Modelling the cost differential between healthy and current diets : the New Zealand case study. 1–10 (2018). doi:10.1186/s12966-018-0648-6
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Appleby, P., Thorogood, M., Mann, J. & Key, T. The Oxfors Vegetarian Study: an overview. Am. J. Clin. Nutr. 70, 525–31 (1999)
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Melina, V., Craig, W. & Levin, S. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Vegetarian Diets. J. Acad. Nutr. Diet. 116, (2016)
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Lopes, C. et al. Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física. (2017)
Rafaela Honório
Nutricionista parceira da Associação Vegetariana Portuguesa (AVP)
Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº 3872N